Alemanha e União Européia, Brasil e Mercosul

Há dias atrás, a imprensa "brasileira" (estrangeira instalada no Brasil) fez sua costumeira sabotagem dos interesses nacionais, tentando jogar os brasileiros contra a Bolívia. Essa imprensa é de fato parte das máquinas de guerra e de contra-inteligência das potências do norte, e seu "trabalho" é manter a América Latina dividida e submissa. Um dos principais patrões dessa imprensa de ocupação é a Alemanha, maior economia da União Européia. Comparemos então, com base nos resultados, a atuação da Alemanha para consolidar a União Europeia e do Brasil para consolidar o Mercosul.


A União Européia é a concretização de um velho sonho alemão, o domínio da Europa. A Alemanha tentou isso pelas armas duas vezes durante o século XX. Nas duas vezes a Alemanha tinha potencial econômico e militar para o feito, mas fracassou por completa incapacidade política e atraso ideológico. Com as mais avançadas tecnologias, a população alemã continuava com crenças medievais, monarquista, autoritária, inaceitável para os demais europeus. Pior ainda, os alemães pretendiam ser superiores aos demais europeus, e submetê-los aos seus caprichos mais desprezíveis. Realmente acreditando na própria superioridade, os alemães nas duas guerras atraíram contra si o mundo inteiro, sendo finalmente derrotados com funestas consequências.

Agora, por meio pacíficos, econômicos, a Alemanha está conseguindo o que não pode pela força. A Europa caminhou para a unidade, sob liderança alemã. Porém, o velho erro parece permanecer forte na alma alemã, e Berlin insiste em jogar duro com os demais países europeus. A União Européia, ao unificar a moeda, retirou da cada país o poder de emitir moedas, de forma que os governos, para pagarem seus funcionários e outros custos, têm que contar com o que arrecadam de impostos ou com o que conseguem emprestado dos bancos. Qual a política alemã a esse respeito? Apertar os governos que não têm dinheiro, impedi-los de emitir euros, tentando força-los a políticas recessivas. O resultado é que tanto à direita quanto à esquerda, cresce em diversos países a ideia de abandonar a zona do Euro.

Em outras palavras, por se apegar a crenças econômicas do século XIX, que aliás já eram ridicularizadas no próprio século XIX pelo nosso brasileiríssimo barão de Mauá, a Alemanha está a ponto de perder novamente a Europa e o Euro, que é em si uma riqueza. Aliás, o grande poder do Euro é ser uma moeda não só européia, mas mundial, tendo entrado na concorrência com o Dólar pelo mercado mundial. A vantagem de se ter uma moeda mundial é que se pode imprimi-la em grande quantidade pois sua inflação se divide pelo mundo todo. As vezes até a impressão de tal moeda se faz muito além do que se esperaria conveniente para não gerar inflação, mas ela acaba absorvida como reserva por governos, bancos e ricassos do mundo, e a inflação esperada nem acontece. Mas os alemães, com toda a sua tecnologia, continuam extremamente tacanhos nas humanidades, e preferem empurrar países inteiros para fora da zona do Euro do que imprimir os Euros que precisam imprimir. Aliás, mesmo que dessa vez a crença monetarista corresponda à realidade e a impressão de dinheiro gerar inflação - o que vale qualquer inflação em comparação com a Grécia, com Portugal, ou mesmo com a menor ilha do Mediterrâneo?

O Brasil, maior economia da América Latina, ocupa no Mercosul portanto um papel semelhante ao da Alemanha na União Européia. Aliás, o desequilíbrio é até maior. O Brasil tem potencial econômico e militar para se impor à América Latina, mas a verdade é que a política brasileira nunca foi essa. Mesmo em seu momento mais agressivo, quanto tinha um rei que irresponsavelmente cismou de devastar o Paraguai, o Brasil, depois de vencer, não anexou nem um metro quadrado de terras paraguaias. A política externa brasileira se baseia no uti possidetis, ou seja, as terras são de quem mora nelas.

O Mercosul foi uma grande conquista dos brasileiros e demais latinoamericanos. Há uns 20 anos, 80% de nosso comércio externo era com os EUA, de forma que tínhamos também essa dependência. Se os EUA nos bloqueassem por um mês, teríamos problemas sérios. Essa era a realidade dos países latinoamericanos quase todos, que foi modificada pelo Mercosul. Hoje, um terço do comércio brasileiro, exportações e importações, é feito com o Mercosul, outro terço com a China, e só um terço permanece nas mãos dos EUA. Em outras palavras, temos muito mais soberania. Nenhum país isolado pode nos ameaçar com bloqueio. O bloqueio agora nos seria favorável, nos permitindo um tempo fora das regras da OMS, nos industrializaria.

O que a imprensa alienígena quer de nós é que enfiemos os pés pelas mãos e joguemos no lixo o Mercosul assim como a Alemanha está jogando no lixo a zona do Euro. Felizmente, o que nos falta em capacidade técnica (não é de hoje) nos sobra em capacidade política. Nosso regime político, uma kleptocracia, é a incompetência materializada para construir sequer um estádio de futebol, conforme estamos notando com a aproximação da Copa, mas nossos políticos sabem manter uma aliança como ninguém! A Bolívia vale muito mais para nós do que todas as mesquinharias do mundo! A Bolívia pode (e deve) estatizar nossas empresas, dar calote nas dívidas que tiver conosco, e se quiser pode queimar nossa bandeira, prender brasileiros, pode até jogar pedras em nossa embaixada - só não pode sair do Mercosul !

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